Eujácio Simões Viana foi sempre um determinado a ver o crescimento urbano, social e territorial de Itororó.
Quando jovem lutou pela emancipação do Município, enfrentou a primeira campanha política e se elegeu prefeito.
Ao assumir a chefia do executivo partiu para conquistar o distrito de Itamirim julgando pertencer ao seu Município até nomeou o Sr. Manoel Batista dos Santos para administrador e tentou construir um posto de cobranças de impostos na praça principal do então distrito de Itamirim – Firmino Alves -. E isto foi o bastante para se iniciar uma guerra contra o município de Ibicaraí.
O prefeito Almir Menezes, de Ibicaraí, sentindo lesado pelo município recém-desmembrado do seu, procurou na justiça os seus direitos. Mas como a disputa tomou outras proporções, ele se preparou para defender seu território a mão armada. Foi preciso a intervenção do Governo do Estado, através das Secretarias: de Segurança Pública, na titularidade do Dr. Rafael Cincurá, Interior e Justiça sob comando do professor Josaphat Marinho e do Dr. Gileno Amado secretário sem pasta para assuntos da Região Cacaueira.
Após tantas intervenções as coisas se acalmaram e os dois Municípios acabaram ficando amigos, mas este fato virou notícia pelo jornal A Tarde de Salvador no dia 15 de junho de 1960.
Em 1962, com Eujácio Simões já eleito deputado estadual e Firmino Alves já emancipado, tendo Flávio Brito como prefeito e Henrique Brito prefeito de Itororó, outra vez estes dois Municípios estiveram em conflito, e outra vez por demarcação dos limites territoriais. Incentivado pelo deputado Eujácio Simões, o prefeito Henrique Brito queria colocar o marco divisório do município de Itororó dentro do perímetro urbano de Firmino Alves.
Desta forma, a cidade de Firmino Alves começaria na margem esquerda do rio Gavião que corta a cidade e se estenderia ao longo do mesmo, ou seja, metade de Firmino Alves ficaria para Itororó. Depois de muitos entendimentos tudo se acabou, tudo ficou bem. Mas Firmino Alves, evidentemente, saiu-se vencedor e o deputado Eujácio Simões, mais uma vez, perdedor.
Por ocasião do Sétimo Censo Demográfico de 1960, aconteceu mais uma demonstração de amor a terra, deste prefeito de origem sergipana que sonhava com o progresso do município que ele emancipara. Visando beneficiar seu Município, Eujácio deu todo apoio e suporte necessário aos recenseadores, fazendo-os chegarem aos mais montanhosos e complicados marcos divisórios para que Itororó, através do crescimento correto da sua população, pudesse alcançar um bom índice de cálculos junto ao Estado.
Nascido a 31 de março de 1923, na cidade sergipana de Itabaianinha, Eujácio Simões Viana é filho de João Simões do Nascimento e de Maria Viana Simões.
Na década de 1930, jovem de quinze anos, juntamente com seus pais, transferiu residência para Itapuy, sétimo distrito de Itabuna, aonde iniciou sua profissão de comerciante de gado ao lado do seu pai.
Em 1945, mudando de atividade, lançou um comércio de portas abertas, permanecendo, neste, até o ano de 1967.
Em 1946, se casou com dona Iracy Figueiredo e gerou quatro filhos: Euracy, Eujácio, Erbene e Emerson.
Participou ativamente do movimento político que eclodiu com a emancipação do município de Itororó, contando com apoio e incentivo de vários companheiros que lhe encorajaram na luta pela libertação. Todavia, nos momentos mais difíceis os companheiros abandonaram a causa, regressando ao distrito, deixando o jovem político sozinho na Capital Salvador. Eujácio, que seu único ideal, naquela época, era ver desentranhada de Ibicaraí a terra que viu nascer seus filhos, lá permaneceu no embate até que no dia 22 de Agosto de 1958, tivera a alegria de ver sancionada pelo então governador Dr. Antônio Balbino de Carvalho, a Lei Estadual nº 1.045, que criou o município de Itororó desentranhado do de Ibicaraí.
Portanto, Itororó, agora era Município com vida própria; primeira etapa fora concluída. Aquela tarde noite de céu prateado pelo brilho lunar fazia fervilhar Itororó de alegria, com sua gente super feliz extravasando sua emoção sob o som contagiante do Hino Nacional e muitos dobrados pertinentes executados pelos músicos que compunham a Banda Marcial de Itororó, sob batuta de Pistãozinho.
Voltando vitorioso a Itororó, Eujácio incentivado por correligionários, enfrenta o crivo popular nas eleições seguintes e se elege primeiro prefeito de Itororó no enfrentamento a dois concorrentes: Agostinho Costa Santos e Raimundo de Almeida e Silva.
Este último só desistiu da ideia no final da campanha quando descobriu que não tinha a menor chance de vencer as eleições, resolveu então apoiar Eujácio Simões.
Vitória de Eujácio também na segunda etapa política. Após instalado o Gabinete do Chefe do Executivo era hora de arregaçar as mangas e ir à luta, pois uma nova e interminável etapa estaria apenas começando. Município recém criado, poucos recursos e muitas tarefas a cumprir. Era preciso vencer, também, esse desafio.
Apesar dos parcos recursos de um município recém-criado, Eujácio Simões realizou obras importantíssimas como: a construção do jardim e o calcetamento da orla da Praça Castro Alves, rebaixou a rua Sete de Setembro e pavimentou as Ruas Tiradentes e Itabuna.
Instalou um curtume de peles de animais e o Frigorífico Sanis em Rio do Meio para produzir, enlatar e distribuir derivados de cortes suínos, a primeira indústria de médio porte de Itororó. Construiu escolas na sede, nos distritos e na zona rural.
Construiu redes de esgotos na parte central da cidade, indenizou propriedades para abertura da Av. Manoel Novais ligando a Praça castro Alves a antiga Praça Salgado Filho que receberia, a partir dali, o nome de Praça Cel. João Borges da Rocha Neto. Transferiu a feira livre para este novo logradouro público e Instalou o Ginásio Juracy Magalhães.
Sua administração foi considerada excelente naquela época e como reconhecimento o povo de Itororó e região o elegeu deputado estadual e lhe garantiu reeleição por mais cinco vezes consecutivas, tendo se afastado da política, espontaneamente, em 1986 para indicar o seu filho Eujácio Simões Filho, a substituí-lo na Assembleia Legislativa do Estado.
Eujácio Simões Viana, aposentado politicamente, viveu desfrutando da salutar vida de pecuarista em sua bela fazenda no município de Itapetinga, no distrito de Palmares, mas com residência fixa em Salvador na Rua João Pondé número 500, no bairro da Barra.
Em 20 de março de 2007, ele foi chamado a um encontro com Deus, deixando imensa saudade à sua família, parentes e amigos. Seu corpo foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade em Salvador.
O prefeito de Itororó da época, Sr. Marco Brito, decretou três dias de luto. Este gesto foi repetido pelo presidente da Câmara de Vereadores, Sr. João Calixto Oliveira Neto.
Eujácio Simões concluiu o segundo grau e na Assembleia Legislativa do Estado foi honrosamente deputado de 1963 a 1986.
Foi membro das Comissões: de Economia e Finanças de 1965 a 1968, Constituição e Justiça de 1966 a 1975, Serviços Públicos de 1966 a 1967, Desenvolvimento e Economia de 1975 a 1979, Meio Ambiente em 1982, Agricultura de 1981 a 1985, Negócios Municipais de 1965 a 1966, Fiscalização de 1967 a 1968, também de 1967 a 1968 acumulou na Comissão de Finanças e Orçamento, Comissão Especial para Exame da Crise na Pecuária em 1969, Ciência e Tecnologia de 1971 a 1972, Proteção ao meio Ambiente em 1985. E foi terceiro vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de 1969 a 1971.
Eujácio Simões foi sempre um campeão de votos no sertão baiano, por isso, nunca perdeu uma eleição. Político sério que cumpriu fielmente o papel de parlamentar, Eujácio sempre soube que valeu a pena a sua luta pela libertação deste Município de Itororó que haveria de um dia, orgulhosamente, como aconteceu na data da comemoração dos seus 64 anos de cidadania, saber reconhecer a luta do seu prefeito herói da emancipação.
O sergipano Eujácio Simões Viana e seu filho Eujácio Simões Viana Filho também deputado estadual duas vezes e federal outras duas vezes, numa justa homenagem da Câmara de Vereadores de Itororó e pelo que eles representaram durante todo este tempo para Itororó e para a Bahia, ganharam em dupla homenagem um logradouro público com seu nome, a antiga Praça 26 de Abril depois Castro Alves agora é Praça Eujácio Simões que homenageia tanto o pai quanto o filho que desempenhou o papel de político sério semelhante ao seu pai, pois em seus quatro períodos de parlamentar conseguiu aprovação de projetos importantíssimos como: Luz no Campo/Luz para Todos, perfuração de poços artesianos para regiões rurais, várias pontes em estradas vicinais, casas de farinha comunitárias, galpões de feira para Itatí e Rio do Meio, estação de tratamento de esgoto sanitário e lagoa de estabilização corrigindo um grande problema de saúde pública que atingia toda a população de Itororó e Bandeira do Colônia.
Quando as nuvens surgiam formadas no céu, imediatamente já faltava energia elétrica em Itororó, Eujácio Filho conseguiu trazer uma subestação da Coelba para dentro da cidade, acabando com esse desassossego social, razão que levam, nesta data, pai e filho figurarem na página histórica desta Brava Gente de Itororó.
Fonte: Miro Marques, radialista e historiador de Itororó.
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