“NÃO FUI EU QUE DEIXEI 43 MIL PESSOAS NA RUA NO NATAL”, ACUSA EX-SÓCIA DE DONO DA ITAPEMIRIM - Falando com Autoridade

03 janeiro 2022

“NÃO FUI EU QUE DEIXEI 43 MIL PESSOAS NA RUA NO NATAL”, ACUSA EX-SÓCIA DE DONO DA ITAPEMIRIM

 

Camila Valdívia, entre seus sócios Milton Rodrigues Jr. e Sidnei Piva de Jesus à frente da Viação Itapemirim. Foto: Divulgação

Por seis anos, de 2013 a 2019, Camila de Souza Valdívia foi sócia e braço direito de Sidnei Piva de Jesus, à frente de diversas empresas em recuperação judicial, que a dupla comprava com a promessa de reestruturação das companhias. Juntos, são acusados de terem praticado golpes contra algumas dessas, como a Matrizaria Morillo e a Grampos Aço. Porém, a parceria comercial só azedou em 2019, quando Camila se posicionou contra Piva a respeito da criação da Itapemirim Transportes Aéreos no meio de uma recuperação judicial.  E, pelo menos desse imbróglio, Camila faz questão de se isentar.

 

“Não fui eu que tirei dinheiro de recuperação judicial para criar empresa aérea e não fui eu que deixei 43 mil pessoas na rua na semana de Natal”, dispara Camila Valdívia contra o ex-sócio Sidnei Piva, dono da Itapemirim Linhas Aéreas a quem acusa de ter desviado dinheiro das “recuperandas” (Transportadora Itapemirim S.A., Ita Itapemirim Transportes S.A., Imobiliária Bianca Ltda., Cola Comércio e Distribuidora Ltda. e Flecha S.A. Turismo, Comércio e Indústria). “Não tenho medo de ser presa porque até a minha saída não houve crime nenhum. O crime é pessoal e por isso eu vim me manifestar”, afirmou ela.

 

A empresária revela que o início do rompimento comercial com Piva, que culminou com o seu afastamento da Viação Itapemirim, em recuperação judicial, da qual detinha 50% das cotas, se deu durante o período em que enfrentou um câncer e uma gravidez. De acordo com o relato da empresária, hoje proprietária da Viação Amarelinho, criada em 2019, seu posicionamento sempre foi contrário à criação de uma empresa aérea, que seria um sonho particular de Piva.

 

“Durante esse tempo em que eu fiquei longe da empresa, o Sidnei emitiu, sem o meu conhecimento, títulos, duplicatas para um factoring, que começa, então, a se apossar dos recebíveis do grupo Itapemirim. E aí começa uma sequência de problemas, atraso de salários, de benefícios. Eu consegui cancelar esses títulos, mas ele chegou a pagar parte deles. Em torno de R$ 3,5 milhões, R$ 4 milhões, e manda esse dinheiro para a Bombardier”, revela Camila.

 

De acordo com um dossiê preparado pela Associação de Credores e Ex-funcionários da Itapemirim, a factoring mencionada seria a SRM Factoring que, segundo dados do relatório da administradora da recuperação judicial da Itapemirim, recebeu R$ 3.256.100,00.  Consta também no dossiê que, em 18 de setembro de 2017, foi enviada uma proposta (P2672-R3) confidencial pelo departamento comercial da multinacional Bombardier, direcionada a Sidnei Piva, para a aquisição de 15 aeronaves Q400 nº DHC-8-402 pelo preço de US$ 32.200.000,00. Apesar da compra não ter sido concretizada, Piva teria enviado, da conta bancária da Itapemirim, a quantia de R$ 1.612.500,00.

 

A briga entre Camila e Piva se estende para acusações de que o ex-sócio, a quem vendeu os seus 50% de participação no Grupo Itapemirim, não a teria pagado pela sua parte na sociedade.

 

“Me sinto mal de ver meu nome arrastado para o problema da Itapemirim Transportes Aéreos, porque além de tudo eu fui lesada por uma decisão judicial que me afastou do grupo e ainda respondo a todos os processos da empresa”, conta Camila referindo-se à Viação Itapemirim. “Eu me vejo no meio de um furacão e não sou eu que tenho que me preocupar com isso. Ele (Sidnei Piva) é que tem que se preocupar se eu sentar e falar.”

 

Fonte: Congresso em Foco


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